
A língua portuguesa é repleta de detalhes que podem fazer toda a diferença em uma prova de concurso público. Muitas vezes, candidatos bem preparados acabam perdendo pontos preciosos ao cair em pegadinhas gramaticais que testam a atenção e o conhecimento das regras do idioma.
Questões sobre regência, concordância, crase, colocação pronominal e outras armadilhas linguísticas são estrategicamente elaboradas para confundir, tornando essencial o domínio dessas estruturas.
Diante disso, conhecer as mais comuns e saber como evitá-las pode ser um grande diferencial na busca pela aprovação. A seguir, exploramos dez pegadinhas gramaticais frequentes em concursos e apresentaremos estratégias eficazes para reconhecê-las e solucioná-las com segurança.
Afinal, na corrida pela tão sonhada vaga, cada detalhe conta ,e dominar a gramática é um passo fundamental para o sucesso.
1. Mal x mau
A confusão entre “mal” e “mau” é uma das mais recorrentes em provas de concursos. Apesar da pronúncia semelhante, essas palavras possuem significados distintos e são empregadas em contextos diferentes.
“Mal” é o oposto de “bem” e pode ser usado como advérbio, substantivo ou conjunção. Exemplos:
● Ele se sentiu mal depois da prova. (Oposto de bem)
● Mal chegou, já saiu. (Equivalente a “assim que”)
“Mau” é o oposto de “bom” e funciona como adjetivo. Exemplos:
● Ele é um mau candidato para o cargo. (Oposto de bom)
● O cachorro ficou agressivo porque tinha um dono mau. (Oposto de bom)
Como evitar?
Para evitar esse erro, uma estratégia simples é substituir a palavra por “bem” ou “bom”. Se a substituição por “bem” fizer sentido, use “mal”. Se “bom” for mais adequado, utilize “mau”.
Essa pegadinha gramatical pode parecer simples, mas costuma confundir muitos candidatos. Por isso, atenção ao contexto e prática constante são essenciais para não cometer esse deslize na prova.
2. Aonde x onde
Os termos “aonde” e “onde” são frequentemente confundidos, mas cada um tem uma aplicação específica, e saber diferenciá-los é essencial para evitar erros na hora das provas de concursos.
“Onde” indica permanência, ou seja, refere-se a um local fixo, sem ideia de movimento. É utilizado com verbos que exprimem estado ou situação. Exemplos:
● Onde você mora? (A pergunta se refere a um local fixo)
● Não sei onde deixei meu livro. (O livro está em um local determinado)
“Aonde” indica movimento, sendo usado com verbos que sugerem deslocamento. É a junção da preposição “a” com “onde”. Exemplos:
● Aonde você vai? (O verbo “ir” exige a preposição “a”, pois indica movimento)
● Não sei aonde ele quer chegar com essa discussão. (“Chegar” também exige preposição “a”)
Como evitar o erro?
Sempre analise o verbo da frase. Se ele indicar movimento, use “aonde”. Se indicar permanência ou localização fixa, use “onde”. Essa pegadinha costuma aparecer em questões de interpretação de texto e regência verbal, exigindo atenção ao contexto para evitar confusões.
3. Porque, por que, porquê e por quê
O uso correto das diferentes formas de “porque” é uma dúvida comum e costuma aparecer frequentemente em provas de concursos públicos. Embora todas tenham a mesma sonoridade, cada uma tem uma função específica.
Porque (junto e sem acento)
É utilizado para introduzir explicações ou causas, funcionando como conjunção causal ou explicativa. Pode ser substituído por “pois” ou “já que”.
Exemplos:
● Não fui à reunião porque estava doente. (Pode-se substituir por “pois estava doente”)
● Estude bastante, porque a prova será difícil. (Pode-se substituir por “pois a prova será difícil”)
Por que (separado e sem acento)
É utilizado em perguntas diretas ou indiretas e também pode significar “pelo qual”, “pela qual”, “pelos quais” ou “pelas quais”.
Exemplos:
● Por que você não respondeu à mensagem? (Pergunta direta)
● Quero entender por que ele faltou à aula. (Pergunta indireta)
● Esse é o motivo por que decidi viajar. (“Por que” equivale a “pelo qual”)
Porquê (junto e com acento)
É um substantivo e significa “o motivo” ou “a razão”. Costuma ser precedido por artigos ou pronomes.
Exemplos:
● Ninguém explicou o porquê da decisão. (Equivale a “o motivo da decisão”)
● Gostaria de entender os porquês dessa escolha. (Equivale a “as razões dessa escolha”)
Por quê (separado e com acento)
É usado no final de frases interrogativas, seja de forma direta ou indireta. O acento ocorre porque a palavra está em posição final e recebe tonicidade.
Exemplos:
● Você não veio à reunião por quê?
● Ele saiu mais cedo, sabe dizer por quê?
Como evitar?
Ao escrever, analise o contexto da frase. Se puder substituir por “pois”, use “porque”. Se for uma pergunta, use “por que”. Se puder substituir por “o motivo”, empregue “porquê”. Se a expressão estiver no final da frase, use “por quê”.
Dominar essa diferença é fundamental para não cair nessa pegadinha gramatical que, apesar de parecer simples, pode confundir muitos candidatos.
4. Este x esse
A diferença entre “este” e “esse” gera muitas dúvidas, pois ambos são pronomes demonstrativos usados para indicar a posição de algo no espaço, no tempo ou no discurso. No entanto, cada um tem um uso específico.
Uso no espaço
● “Este” indica algo que está próximo da pessoa que fala.
○ Exemplo: Este livro que estou segurando é muito interessante. (O livro está com quem fala)
● “Esse” indica algo que está próximo da pessoa com quem se fala.
○ Exemplo: Esse caderno que você tem aí é novo? (O caderno está com o interlocutor)
Uso no tempo
● “Este” refere-se ao presente, ao tempo atual.
○ Exemplo: Este ano tem sido muito produtivo. (Ano em curso)
● “Esse” refere-se ao passado ou a um futuro próximo.
○ Exemplo: Eu viajei muito nesse ano que passou. (Ano anterior ao atual)
Uso no discurso
● “Este” é usado para indicar algo que será mencionado a seguir.
○ Exemplo: Tenho dois conselhos: este é o mais importante, nunca desista dos seus sonhos.
● “Esse” é usado para retomar algo que já foi mencionado.
○ Exemplo: A paciência é essencial. Esse é um valor que devemos cultivar.
Como evitar?
Se estiver falando de algo próximo a você ou mencionando algo novo, use “este”. Se for algo próximo ao interlocutor ou que já foi mencionado, use “esse”.
Essa pegadinha costuma aparecer em questões de interpretação de texto e coesão textual, exigindo atenção para não perder pontos de forma desnecessária.
5. Haver x a ver
A confusão entre “haver” e “a ver” é muito comum, especialmente porque a pronúncia é semelhante. No entanto, essas expressões têm significados e usos completamente diferentes.
Haver
O verbo “haver” pode ter o sentido de existir, acontecer ou indicar tempo decorrido.
Exemplos:
● Havia muitas pessoas na sala. (Pode-se substituir por “existiam”)
● Deve haver uma explicação para esse erro. (Pode-se substituir por “existir”)
● Não nos vemos há anos. (Indica tempo decorrido)
A ver
A locução “a ver” significa “ter relação com” ou “ter vínculo com”.
Exemplos:
● Isso não tem nada a ver com você. (Ou seja, não tem relação com você)
● O problema tem a ver com o sistema. (Significa que o problema está relacionado ao sistema)
Como evitar o erro?
Se o termo puder ser substituído por “existir” ou se indicar tempo passado, use “haver”. Se a intenção for expressar relação entre coisas, use “a ver”.
Essa pegadinha aparece com frequência em provas e pode induzir candidatos ao erro se não houver atenção ao contexto.
6. Tem x têm
O erro no uso de “tem” e “têm” ocorre porque a diferença entre elas está apenas no acento, mas a grafia muda conforme o número do sujeito.
● “Tem” (sem acento) é a forma do verbo “ter” na terceira pessoa do singular (ele/ela).
○ Exemplo: Ele tem muita experiência no assunto.
● “Têm” (com acento circunflexo) é a forma na terceira pessoa do plural (eles/elas).
○ Exemplo: Eles têm muito conhecimento na área.
Como evitar o erro?
Sempre observe o sujeito da oração. Se for singular, use “tem”; se for plural, use “têm”.
7. Plural de palavras compostas
O plural das palavras compostas segue regras específicas, e algumas delas podem confundir os candidatos mais distraídos.
Casos comuns:
● Ambos os elementos variam: substantivos + substantivos ou adjetivos + substantivos
○ Exemplo:couve-flor → couves-flores | puro-sangue →puros-sangues
● Apenas o primeiro elemento varia: verbo + substantivo ou palavra invariável + substantivo
○ Exemplo: beija-flor → beija-flores | alto-falante → alto-falantes
● Ficam invariáveis: verbo + advérbio, verbo + verbo ou expressões cristalizadas
○ Exemplo: o leva-e-traz → os leva-e-traz
Como evitar o erro?
Memorize as regras e preste atenção ao significado da palavra composta para identificar a flexão correta.
8. Crase antes de pronome pessoal
A crase nunca deve ser usada antes de pronomes pessoais, pois eles não aceitam o artigo feminino “a”.
Como evitar o erro?
Sempre que o termo seguinte for um pronome pessoal (eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas, você, vocês), não use crase.
9. Concordância verbal em sujeito composto
A concordância verbal pode variar dependendo da posição do sujeito composto na frase.
● Sujeito composto antes do verbo: o verbo fica no plural.
○ Exemplo: João e Maria estudam juntos.
● Sujeito composto depois do verbo: o verbo pode concordar com o núcleo mais próximo ou ir para o plural.
○ Exemplo: Estuda João e Maria. ou Estudam João e Maria.
Como evitar o erro?
Preste atenção à posição do sujeito e ao tipo de palavras que o compõe para fazer a concordância corretamente.
10. “A fim” ou “afim”?
Essas duas expressões existem na língua portuguesa, mas têm significados diferentes e usá-las de forma errada pode comprometer a clareza da sua redação.
Exemplos:
- “A fim de” indica finalidade ou intenção:
● Estamos estudando a fim de passar no concurso.
● Saiu mais cedo a fim de evitar o trânsito. - “Afim” é um adjetivo que indica afinidade, semelhança:
● Temos ideias afins sobre educação.
● São disciplinas afins na área da saúde.
Como evitar essas pegadinhas gramaticais?
Substitua mentalmente por “com o objetivo de”. Se a frase fizer sentido, use “a fim de”. Caso contrário, é “afim”.
Dicas práticas para fugir das pegadinhas gramaticais em provas

Evitar pegadinhas gramaticais em provas exige atenção, prática e conhecimento das regras do idioma. Aqui estão algumas estratégias eficazes para não cair nessas armadilhas:
1. Estude as regras gramaticais com atenção
Muitas pegadinhas gramaticais exploram erros comuns, como o uso de crase, concordância verbal e nominal, além de confusões entre palavras homônimas e parônimas. Ter um bom domínio das normas evita deslizes.
2. Leia com frequência e analise a estrutura das frases
A leitura de textos bem escritos, como artigos jornalísticos, livros e provas anteriores, ajuda a fixar o uso correto das palavras e das construções gramaticais.
3. Treine resolvendo questões de concursos anteriores
Muitas bancas repetem padrões de pegadinhas em diferentes provas. Resolver exercícios anteriores permite identificar recorrências e aprender a interpretar as questões com mais precisão.
4. Preste atenção ao contexto
Muitas pegadinhas exploram o uso equivocado de termos parecidos, como “mal” e “mau” ou “onde” e “aonde”. Antes de marcar uma resposta, analise a frase e veja se a substituição por um sinônimo ajuda a esclarecer o sentido correto.
5. Leia a questão com calma
Muitos erros acontecem por falta de atenção. Leia a pergunta atentamente, identifique o que está sendo cobrado e evite responder impulsivamente.
6. Use técnicas de substituição e testes de concordância
Métodos simples, como substituir “mal” por “bem” e “mau” por “bom” ou verificar se o verbo concorda com o sujeito, podem evitar erros básicos em questões de múltipla escolha e na redação.
As pegadinhas gramaticais são criadas para testar a atenção e o conhecimento dos candidatos, mas podem ser evitadas com estudo, prática e leitura cuidadosa. Ao seguir essas estratégias, você aumenta suas chances de acertar mais questões e se destacar na prova.
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