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A flexão do plural é um tema essencial no estudo da gramática da língua portuguesa. Embora muitos estudantes dominem com facilidade a formação do plural em palavras simples, o mesmo não se pode dizer do plural de palavras compostas. Esse assunto é cercado por regras específicas, exceções e casos particulares que desafiam a lógica superficial e exigem atenção redobrada.
Em provas de concursos públicos, esse conteúdo aparece com frequência, seja em questões objetivas, exigindo o reconhecimento da forma correta entre alternativas, seja na redação, quando o uso inadequado pode comprometer a clareza e a norma-padrão. Além disso, entender como funcionam essas formações permite ao candidato escrever com mais naturalidade e precisão, qualidades valorizadas por qualquer banca avaliadora.
O objetivo deste guia é oferecer uma explicação abrangente, clara e sistemática sobre como formar o plural de palavras compostas, com foco no uso normativo da língua e na prevenção de erros recorrentes.
Como formar o plural de palavras compostas
Palavras compostas são aquelas formadas pela junção de dois ou mais vocábulos que, unidos, constituem uma nova unidade de significado. Essa união pode ocorrer por justaposição (sem hífen) ou por hifenização (com hífen), dependendo, principalmente, da natureza gramatical dos vocábulos que compõem a expressão.
A regra geral da língua portuguesa determina que o plural incida sobre os elementos variáveis da composição. Isso quer dizer que nem sempre todos os termos do composto serão flexionados. Para aplicar corretamente as regras, é fundamental observar as classes gramaticais de cada elemento e o papel que desempenham dentro da palavra composta.
Regras gerais para o plural de palavras compostas
Para facilitar a memorização e o uso prático, apresentamos agora as principais regras aplicáveis às palavras compostas, organizadas de acordo com a estrutura que apresentam:
- Substantivo + substantivo (com valor de adjetivo ou sem preposição): quando os dois substantivos têm valor de adjetivo ou formam uma unidade de sentido sem preposição entre eles, ambos são flexionados no plural. Isso ocorre quando os dois termos são determinantes do mesmo núcleo sem alterar o sentido da palavra.
- Adjetivo + substantivo ou substantivo + adjetivo: em composições em que há a presença de um substantivo acompanhado de um adjetivo, ambos vão para o plural. O adjetivo, nesse caso, concorda com o substantivo, como em qualquer construção nominal tradicional.
- Verbo + substantivo: nesses casos, somente o substantivo será flexionado. O verbo, por sua natureza invariável, permanece na forma original. A lógica aqui está no fato de o verbo não admitir flexão de número quando atua como primeiro elemento do composto.
- Substantivo + preposição + substantivo: esse tipo de construção, bastante comum em expressões técnicas ou do cotidiano, admite plural apenas no primeiro termo. O segundo permanece invariável, pois está subordinado sintaticamente ao primeiro por meio da preposição, funcionando como seu complemento.
- Palavras repetidas ou com rima: em composições em que há repetição da palavra ou quando o segundo termo possui rima com o primeiro, ambos os vocábulos são flexionados. Essa duplicação costuma servir a propósitos enfáticos ou descritivos e admite plural nos dois elementos.
- Verbo + verbo ou expressões invariáveis: em alguns compostos, os dois termos são invariáveis, como é o caso de composições com dois verbos no infinitivo ou expressões já cristalizadas pelo uso. Nesses casos, a flexão é inexistente.
Plural de palavras compostas por justaposição
Na justaposição, os vocábulos se unem sem o uso de hífen. Trata-se de uma composição gráfica mais simples, mas nem por isso livre de complexidade gramatical.
Geralmente, o plural recai sobre o último elemento, que costuma exercer a função de núcleo do composto. No entanto, é necessário verificar se esse elemento é passível de flexão, pois existem casos de substantivos compostos por palavras invariáveis ou de uso técnico que exigem maior cuidado.
Vale ressaltar que muitas dessas palavras aparecem com frequência em textos jornalísticos e técnicos, o que torna o domínio desse tipo de plural particularmente útil para quem se prepara para provas discursivas.
Plural de palavras compostas por hífen
A presença do hífen chama mais atenção visualmente e exige uma análise minuciosa da estrutura da palavra. Cada tipo de formação tem seu próprio padrão de pluralização. Vejamos alguns dos principais critérios aplicáveis:
- Quando o composto é formado por substantivos iguais ou por palavras com valor de adjetivo, ambos os termos vão para o plural. Isso ocorre quando os dois elementos são essenciais ao sentido da composição e mantêm suas funções semânticas originais.
- Quando a estrutura é substantivo + preposição + substantivo, somente o primeiro termo é flexionado. A preposição indica uma subordinação do segundo termo, que se mantém invariável.
- Na formação verbo + substantivo, somente o segundo elemento vai ao plural, já que o verbo permanece invariável. Esse padrão é bastante comum em nomes de objetos e instrumentos.
- Em composições com palavras invariáveis, como advérbios, preposições ou interjeições, nenhum dos termos se flexiona. Isso também se aplica a expressões consagradas, nomes técnicos e termos estrangeiros aportuguesados.
A chave para aplicar corretamente essas regras é sempre considerar a classe gramatical e o papel sintático dos elementos envolvidos.
Casos especiais: quando a regra não se aplica
Nem todas as palavras compostas seguem rigidamente os padrões acima. Há casos que fogem às regras mais conhecidas, sendo regulados pelo uso consagrado ou por normas específicas da terminologia técnica e científica.
Entre os exemplos mais comuns, estão nomes de espécies botânicas ou zoológicas, expressões idiomáticas fixas e palavras de origem estrangeira que mantêm a grafia original. Em tais situações, o ideal é consultar fontes de referência confiáveis, como dicionários atualizados e manuais de estilo.
Outro grupo de exceções é composto por palavras que, com o passar do tempo, passaram a funcionar como unidades lexicais indivisíveis. Essas formações mantêm-se invariáveis, mesmo quando seus elementos originais admitiriam plural.
A atenção aos casos especiais deve ser constante, principalmente nas redações, nas quais o uso inadequado pode comprometer a formalidade e a correção gramatical.
Erros comuns e como evitá-los
Um dos erros mais comuns ocorre quando o candidato tenta aplicar uma regra genérica a todas as palavras compostas, desconsiderando a natureza gramatical de seus componentes. Esse tipo de abordagem leva a flexões indevidas, especialmente em expressões consagradas ou termos técnicos.
Outro deslize frequente é a tentativa de pluralizar expressões invariáveis, o que resulta em construções artificiais ou gramaticalmente incorretas. Também é comum o uso de formas hifenizadas ultrapassadas, que não estão de acordo com o Novo Acordo Ortográfico, que eliminou o hífen em diversas composições.
Além disso, muitos candidatos ignoram a importância do uso correto em provas discursivas. Embora o conteúdo técnico esteja presente nas questões objetivas, é na redação que a falta de domínio gramatical mais compromete o desempenho. Um plural mal aplicado pode causar ruído de sentido e prejudicar a clareza textual.
A melhor forma de evitar esses erros é aliar teoria à prática, com a constante resolução de exercícios e a leitura crítica de textos formais, sempre com o apoio de bons materiais de referência.
Ao compreender as regras gerais, identificar as estruturas específicas e conhecer os casos em que a norma se flexibiliza, o candidato se torna capaz de aplicar o conhecimento de maneira segura e precisa. Mais do que decorar listas de exemplos, o importante é internalizar a lógica por trás de cada regra e desenvolver a sensibilidade linguística necessária para avaliar cada situação com critério.





