Artigo, substantivo, adjetivo e advérbio… Os tipos de classes gramaticais são temas bastante explorados nas provas.
Qualquer erro em questões sobre esse tema pode ser suficiente para excluir candidatos menos preparados.
Isso é particularmente verdadeiro para aqueles novatos no mundo dos concursos, que acreditam que o português aprendido na escola é suficiente para gabaritar a prova da disciplina nos certames.
No entanto, há algumas dicas gerais que podem ajudá-lo a melhorar seu desempenho em seus estudos de morfologia, que inclui o uso de classes gramaticais.
Pronto para saber mais sobre o assunto?
A professora Adriana Figueiredo, especialista no tema, preparou um guia completo com as principais informações que você precisa saber.
Confira o conteúdo até o final. Boa leitura!
O que são classes gramaticais?
Para começar nossos estudos sobre os tipos de classes gramaticais, vamos responder à pergunta de um milhão de dólares: o que são essas tais classes de palavras?
As classes gramaticais são grupos de palavras classificadas segundo a função que desempenham nas frases, orações e períodos. Tal classificação é uma importante ferramenta para entender como a Língua Portuguesa é estruturada.
No entanto, muitos concurseiros enfrentam dificuldades na identificação dos tipos de classes de palavras em questões de concurso que abrangem o tema.
Nesse contexto, este artigo apresentará teoria e exemplos para elucidar o assunto, conceitos que vão enriquecer sua preparação e possibilitar a nota máxima na sua prova de português.
Principais tipos de classes gramaticais (Classificação)
Conhecer os tipos de classes de palavras é importante para seguir a norma culta da língua, item indispensável para quem almeja um cargo público.
Sem falar que, ao aprender sobre essas categorias, erros de concordância são evitados, melhorando a qualidade dos seus escritos (em redações e provas discursivas, por exemplo) e ganhando pontos com o examinador da sua prova.
Porém, para dominá-las, é necessário estudar uma categoria por vez. Confira os 10 tipos de classes gramaticais que serão trabalhados ao longo deste artigo:
- Substantivo
- Adjetivo
- Advérbio
- Verbo
- Artigo
- Pronome
- Numeral
- Preposição
- Conjunção
- Interjeição
Substantivo
Substantivo é a palavra que usamos comumente para se referir a pessoas, animais e objetos, podendo ser flexionada em gênero e número. Essa é a classe de palavra que sempre pode ser antecedida de artigo.
Exemplo: “Eu tenho grande apreço pela sua sogra e também pela minha”.
Adjetivo
O adjetivo é o termo que expressa a qualidade, condição ou estado do substantivo.
Exemplo: “… era feito aquela gente honesta, boa e comovida que caminha para a morte pensando em vencer na vida”.
Nesse contexto, os adjetivos “honesta”, “boa” e “comovida” se referem ao substantivo “gente”, descrevendo-o.
A locução adjetiva é uma expressão composta, geralmente formada por preposição + substantivo, que atua como um adjetivo.
Exemplo: “… eu desejo que meu caixão tenha uma forma estranha, uma forma de coração, uma forma de guitarra“.
As expressões “de coração”, “de guitarra”, mesmo sendo compostas por uma preposição e um substantivo, funcionam como adjetivos, modificando o substantivo.
Advérbio
O advérbio é um termo invariável que, principalmente, altera o significado do verbo, expressando uma circunstância (como tempo, lugar, modo, etc.). Além disso, o advérbio pode modificar um adjetivo ou outro advérbio.
Exemplos:
“Nós trabalhamos intensamente“.
“Ele é um homem extremamente bom”.
“Ela fala fluentemente“.
“Ela chegou aqui completamente sozinha”.
Verbo
Os verbos, que, em sua forma infinitiva, geralmente terminam em ar, er e ir (e or, no caso do verbo pôr) -, são palavras que se referem a atos/atitudes (como correr, pular, estudar, pensar), estado ou condição (ser, estar, haver) ou fenômenos naturais (chover).
A depender das palavras que acompanham o verbo, este pode ser incluído em diferentes classificações e variações.
Se você deseja saber mais sobre verbos, além de aprender a classificar orações e períodos, assuntos intrinsecamente relacionados, confira um artigo sobre o tema clicando aqui.
Artigo
Artigo é a palavra que precede um substantivo, seja de forma explícita ou implícita.
Exemplo: “Eu aprecio a mãe do seu cônjuge e a minha própria”.
O artigo, juntamente com suas variações, é o termo que sempre vem antes de um substantivo, indicando a natureza determinada ou indeterminada dos seres.
Na língua portuguesa, o artigo possui uma grande importância na determinação do gênero dos substantivos, permitindo também a distinção entre os homônimos.
Exemplos: a mão, o pão, o/a artista, o/a cabeça, entre outros.
Pronome
Os pronomes têm a habilidade de exercer funções adjetivas, quando se referir a substantivos (conhecidos como pronomes adjetivos), ou funções substantivas, quando assumem o lugar dos substantivos (chamados de pronomes substantivos).
Além disso, um pronome, independente da sua classificação como relativo, demonstrativo, possessivo e outros, pode ser utilizado como substantivo ou adjetivo.
Exemplo: “Eu vi a sua mensagem, mas não entendi o que você quis dizer”.
Os pronomes presentes na frase são:
Eu: pronome pessoal do caso reto, primeira pessoa do singular, atua como sujeito da oração.
Sua: pronome possessivo, segunda pessoa do singular, indicando com quem está se falando.
Você: pronome pessoal de tratamento, segunda pessoa do singular, indica quem é o receptor da mensagem.
Numerais
São termos relacionados a valores numéricos.
Os numerais se dividem em quatro tipos:
1 Cardinais: denotam uma quantidade específica.
Exemplo: “Compramos quinze camisas na liquidação”.
2 Ordinais: indicam uma posição em uma sequência.
Exemplo: “O primeiro a chegar será o vencedor”.
3 Multiplicativos: representam multiplicação.
Exemplo: “O valor do produto é o triplo do preço original”.
4 Fracionários: expressam frações ou divisões.
Exemplo: “A receita pede um terço de xícara de açúcar”.
Preposição
Preposição é uma palavra invariável que estabelece uma relação de subordinação entre termos ou orações, atuando como um conectivo.
Exemplo: “Casa de José.” Nesse caso, a preposição “de” conecta dois substantivos.
Exemplo: “Correu para chegar a tempo.” Já nesse exemplo, a preposição “para” conecta duas orações.
As preposições se dividem em dois tipos:
a) Essenciais: são palavras que sempre atuam como preposições, como a, ante, até, após, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás.
b) Acidentais: são palavras que, embora pertençam a outra classe gramatical, podem ser usadas como preposições em determinadas frases, como “como” (na qualidade de), “durante” (por), “conforme”, “segundo” (de acordo com), entre outras.
Exemplo: “Eu o considerava como amigo.” Nesse exemplo, a palavra “como”, que normalmente é uma conjunção, funciona como uma preposição acidental, pois indica uma relação de equivalência com “na qualidade de”.
Conjunção
Conjunções são palavras utilizadas para conectar duas orações diferentes. Existem dois tipos principais: coordenativas e subordinativas.
Uma conjunção subordinativa é uma palavra ou expressão que conecta duas orações, sendo uma delas dependente da outra. São classificadas em adverbiais e integrantes.
É aconselhável concentrar-se no estudo das conjunções adverbiais, que são as mais frequentemente cobradas nas provas de concursos públicos de várias bancas.
Exemplo: “O baile já tinha começado quando ele chegou”.
O baile já tinha começado (oração principal) / quando (conjunção) ele chegou (oração subordinada).
Interjeição
As interjeições são termos que surgem em estruturas que exprimem surpresa, assombro.
Exemplo: “Quê! Ela te contou isso?”
Aqui, “Quê?” é usada para expressar surpresa ou espanto em relação ao que foi dito anteriormente.
Tipos de classes gramaticais: o que cai na prova de Português? (Questões comentadas)
Que tal ampliarmos nossos conhecimentos sobre os tipos de classes gramaticais por meio da resolução de exercícios?
Escolhi provas de concursos anteriores que se adequam ao perfil de algumas bancas examinadoras. Cada questão é acompanhada de um gabarito e de comentários.
Geralmente, as questões do tema retiram um trecho do texto e pedem que você classifique a palavra destacada ou, simplesmente, indique o valor semântico que ela representa.
Aproveite os exemplos a seguir para praticar e revisar seus conhecimentos, fortalecendo a teoria.
Questão 1
FGV – 2022 – TJ-MS – Analista Judiciário
Em todas as frases abaixo há a presença do vocábulo “mais”; a frase em que esse vocábulo é gramática e semanticamente diferente dos demais é:
A. O mais perto que uma pessoa chega da perfeição é quando preenche uma ficha de emprego;
B. Dinheiro no bolso vale mais do que amigos na corte;
C. A propaganda é o único negócio em que os clientes com mais dinheiro podem fazer exigências;
D. Os trabalhadores mais incapazes são sistematicamente promovidos;
E. Eu quero que falem mais ainda. Com essa difamação vou ganhar muito dinheiro.
Comentários: Do ponto de vista morfológico, a palavra “mais” pode assumir diferentes funções gramaticais, sendo empregada como advérbio, seja de intensidade ou de tempo, ou como pronome indefinido.
Quando se relaciona com um verbo, um adjetivo ou um advérbio, “mais” exerce a função de advérbio. Já quando se relaciona com um substantivo, desempenha a função de pronome indefinido.
No caso da opção C, a palavra “mais” é empregada como pronome indefinido, uma vez que se refere ao substantivo “dinheiro”. Nas demais opções, “mais” é utilizado como advérbio, referindo-se a outras classes gramaticais.
Na opção A, “mais” refere-se a outro advérbio (perto), na opção B a um verbo (vale), na opção D a um adjetivo (incapazes) e na opção E a um verbo (falem).
Gabarito ao final das questões.
Questão 2
CESPE / CEBRASPE – 2022 – Prefeitura de São Cristóvão – SE – Agente de Combate às Endemias
Texto CG1A1-II
Com a dor, o silêncio. Denso, ácido. Estagnado. Um silêncio de caco de vidro moído esfolando o corpo por dentro. Um desesperar, nada por vir. Dalva parou de falar com Venâncio. Não olhou mais para ele, considerou que ele não estava mais vivo, ignorou sua presença. Nenhuma reação. Nem quando ele chorou, quando ficou sem comer, quando parou de se lavar, nem quando ameaçou morrer, nem quando mandou valente, cuspiu na cara dela, sugilou prometendo uma nova surra, jurando morte, morrendo esmagado pelo que não podia ser desfeito. Nada. Ele suplicou sincero, desamparado, e ela, nem um olhar, nenhum perdão possível. Nas primeiras semanas, Dalva não comia, não bebia, não acendia a luz, morria um pouco a cada dia. Levantou-se depois de uma longa visita de luto da mãe, saiu de casa sem deixar pistas e, para desespero de Venâncio, só voltou ao entardecer do dia seguinte. Desse dia em diante, passou a sair todas as manhãs. Caminhava lenta, magra, ombros fechados de quem desistiu. Ninguém sabe ao certo aonde ia. Na hora mais triste das tardes, quando a saudade parece apertar o coração do mundo, Dalva voltava para casa. Dizem que a tristeza dessa hora está nas entranhas da gente, infiltrada nas nossas menores porções há milênios. Nasceu do pavor infinito do anoitecer, hora em que as mulheres não sabiam se seus homens voltariam vivos da caça. Muitas vezes não voltaram. Hora em que os homens, ao voltar da caça, não sabiam se encontrariam suas mulheres mortas. Muitas vezes encontraram. Perder amores é escurecer por dentro, uma memória do corpo que o entardecer evoca quando tinge o céu de vermelho. Para quem está sozinho depois de ter amado, o fim do dia é muito triste. Era nessa hora que ela voltava.
Carla Madeira. Tudo é rio. 1.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2021, p. 25-26 (com adaptações).
Em relação ao texto CG1A1-II e a suas propriedades linguísticas, julgue o próximo item. No trecho “Um desesperar, nada por vir” (primeiro parágrafo), o vocábulo “desesperar” está empregado como substantivo.
CERTO
ERRADO
Comentários: Quando o verbo no infinitivo “desesperar” é antecedido por um artigo, sua forma passa a assumir a função de um substantivo, uma vez que a principal função gramatical dos artigos é acompanhar ou substantivar palavras que originalmente pertencem a outras classes gramaticais.
Gabarito ao final das questões.
Questão 3
FCC – 2021 – MANAUSPREV – Analista Previdenciário – Tecnologia da Informação
Atenção: Considere o conto de Carlos Drummond de Andrade, para responder à questão.
A beleza total
A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços.
A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda a capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa.
O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito.
Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um dia cerrou os olhos para sempre. Sua beleza saiu do corpo e ficou pairando, imortal. O corpo já então enfezado de Gertrudes foi recolhido ao jazigo, e a beleza de Gertrudes continuou cintilando no salão fechado a sete chaves.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 2012)
O termo que qualifica o substantivo, conferindo a ele ideia de inexorabilidade, compõe a seguinte expressão:
A) destino fatal (4° parágrafo).
B) extrema beleza (4° parágrafo).
C) beleza total (título).
D) capacidade de ação (2° parágrafo).
E) lei de emergência (3° parágrafo).
Comentários: Trata-se de outra questão relacionada ao vocabulário.
O adjetivo que expressa a ideia de “inexorabilidade” (ou seja, algo que não pode ser amenizado ou combatido) e modifica um substantivo é sinônimo do adjetivo “fatal”, que atribui um sentido de inevitabilidade ao “destino”, conforme indicado na opção A.
Gabarito ao final das questões.
Questão 4
VUNESP – 2022 – Prefeitura de Jundiaí – SP – Engenheiro Civil
Leia trecho de reportagem para responder à questão.
A sardinha plebeia deixou o nobre salmão para trás O nobre das águas gélidas está sendo desbancado pelo mais plebeu dos espécimes que habitam os oceanos. A virada do jogo tem a ver com a poluição ambiental. O salmão, até pelo porte, é um peixe que come outros peixes. Já a sardinha, que caberia na palma da mão, não tem tamanho para comer de tudo – é totalmente vegana. É preciso desmistificar a ideia de que o alimento mais saudável é sempre o mais caro. Preço salgado e qualidade nutricional não andam necessariamente lado a lado. Alguns itens pouco prestigiados estão justamente entre os mais nutritivos. É o caso do amendoim, que, sendo o primo pobre das castanhas, é o mais rico em proteínas. Considere, portanto, se não é hora de puxar a sardinha para a sua brasa.
(Veja, 10 de novembro de 2021. Adaptado)
De acordo com a gramática, adjetivo é a palavra que modifica um substantivo, com ele concordando em gênero e número. Assinale a alternativa em que as duas palavras em destaque exercem a função de adjetivos.
A. tem a ver com a poluição ambiental. / [a sardinha] é totalmente vegana.
B. O nobre das águas gélidas está … / … puxar a sardinha para a sua brasa.
C. … – é totalmente vegana. / … é sempre o mais caro.
D. É preciso desmistificar a ideia… / … de que o alimento mais saudável…
E. Preço salgado e qualidade nutricional… / … é o mais rico em proteínas.
Comentários: No caso da opção A, os termos destacados referem-se a substantivos, sendo que o primeiro é “poluição” e o segundo é “sardinha”.
Esses termos possuem valores semânticos próprios do adjetivo, ou seja, expressam características, qualidades, condição ou estado.
Na opção B, os dois termos – tanto “nobre” quanto “águas” – são substantivos. Na opção C, “totalmente” é um advérbio. Já na opção D, “ideia” é um substantivo. Por fim, na opção E, “proteínas” também é um substantivo.
Gabaritos a seguir.
Gabaritos
Questão 1: letra C.
Questão 2: CERTO.
Questão 3: letra A.
Questão 4: letra A.
Dicas sobre exercícios resolvidos de classes gramaticais
Além dos tipos de classes gramaticais, a disciplina de Português explora uma vasta quantidade de outros conteúdos em suas provas.
Quem treina com provas anteriores, já garante um diferencial e sai na frente de grande parte dos concorrentes. Por isso, é sempre benéfico praticar com questões dos assuntos que mais costumam cair nas provas.
Se você deseja acessar provas anteriores das principais bancas e conhecer mais dicas de como identificar os tipos de classes gramaticais, tenho uma excelente sugestão!
Conclusão
Aprendeu a diferenciar os tipos de classes gramaticais?
Após ter acesso à teoria, exemplos e questões comentadas, você já sabe como responder às questões do assunto na sua próxima prova!
Não se esqueça de que a prática constante, especialmente por meio de resolução de provas anteriores, é o segredo para consolidar o conhecimento visto até aqui.
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Para obter mais conteúdos, visite o blog da professora Adriana Figueiredo.