
Você tem dificuldades de compreender o que é coesão e coerência? Na hora de responder às questões, você fica confuso e não sabe qual conceito representa aquele termo? Saiba que isso é muito comum, principalmente quando o assunto é a gramática.
Mas não é preciso desespero. Se você vai fazer concurso público e deseja ficar afiado com as normas do português, a seguir vamos te ensinar o que é coesão e coerência e quais são as principais diferenças entre esses conceitos.
Ah, fica até o final que teremos muitos exemplos para te ajudar a fixar melhor!
O que é coesão e coerência: teoria
Prontos para descobrir o que é coesão e coerência? Vamos lá!
Ao ler um texto, você percebe que as informações se completam e estão bem escritas na redação. Isto é, as ideias fazem sentido e foram escritas de forma coerente e coesa.
Isso significa que para um texto ser considerado bom, ele precisa não só ter sentido como também é necessário comunicar-se de forma efetiva com quem está lendo.
Desta maneira, é hora de aprender a teoria da coesão e coerência, para que quando você for para a prática consiga escrever de forma clara, objetiva; interligando as informações, como se estivesse “costurando o texto”, deixando-o sem nenhum tipo de amarra.
É importante ressaltar que a coesão e a coerência andam de mãos dadas, especialmente se o objetivo é construir um bom texto. Veja a seguir!
O que é coesão textual?
A construção de um texto vai muito além da junção de palavras.
E quando você fica diante de um texto bem construído, percebemos que as informações não se colocam de forma caótica, na verdade, todo texto bem construído precisa apresentar as ideias organizadas, de forma que estejam interligadas ou conectadas.
E é justamente a conexão entre os textos que dá origem à coesão.
Logo, podemos entender que coesão textual é justamente o uso de recursos semânticos que conectam uma informação a outra no texto.
Sendo assim, finalizando este conceito, podemos dizer que o seu uso é essencial para garantir um texto claro, coeso e compreensível, permitindo que os leitores assimilem ideias harmônicas.
O que é a coerência textual?
Na gramática, ao contrário da coesão textual, a coerência chega para trazer um sentido lógico para o texto. Calma que a gente te explica melhor!
É como em uma dança, para que um texto tenha sentido é preciso que as informações se encaixem de modo que as mensagens não transmitam um pensamento desconexo ou sem lógica.
Isso porque quando estamos estudando ou construindo uma sentença, cada palavra tem um significado individual, mas quando estão juntas, em uma frase ou texto, formam um significado diferente. Se a construção das palavras não for feita de modo correto, o sentido geral da oração fica incompreensível.
Sendo assim, “a coesão se relaciona aos elementos explícitos no texto, a coerência cuida do seu sentido, do seu aspecto conceitual”.
Recapitulando o que é coesão e coerência e tirando uma dúvida muito comum dos estudantes, que ainda estão assemelhando o conteúdo: “é possível ter um texto com coerência, mas sem coesão”?
A resposta: é possível sim. É possível construir um texto coerente sem coesão, um texto cujas informações produzam sentido, mas que não se conectam nem por meio de articuladores textuais, como na frase:
“Pedro estudou bastante. Pedro passou em 1º lugar.” Nela, você consegue entender a informação veiculada, mas o texto não tem qualidade. Logo, bastaria utilizar-se uma conjunção e o segmento estaria mais bem elaborado (Pedro estudou bastante, logo passou em primeiro lugar).
Exemplos comentados de Coerência e Coesão
Exemplo 1
Na frase “Maria faz o almoço e ao mesmo tempo Maria conversa ao telefone com a amiga”, é uma frase em que há coesão por conjunção.
Já na frase, “Nesse país, a minoria das pessoas é rica e quase 90% dos cidadãos são pobres”, há uma coerência textual semântica.
Antes de prosseguirmos com as questões, gostaria de compartilhar uma dica adicional: após concluir a leitura deste artigo, aprofunde seu entendimento assistindo ao vídeo da Professora Adriana, onde ela recapitula os principais tópicos abordados.
Para acessar o vídeo, clique aqui e aproveite a aula! Agora, vamos às questões!
Questões de concursos comentadas

Questão 1
Debruçando-se sobre o estudo do exercício da política, Maquiavel dissecou a anatomia do poder de sua época: dos senhores feudais e da igreja medieval. E, por isso mesmo, por botar o dedo na ferida, foi considerado um autor maldito. Ele se mostra preocupado com o fato de que na política não existem regras fixas. Governar, isto é, tomar atitudes políticas, é um trabalho extremamente criativo e, por isso mesmo, sem parâmetros anteriores. Assim, essa preocupação do filósofo, por incrível que pareça, torna-se um bom instrumento para repensarmos a ética. Hoje, com o fim das garantias tradicionais, estamos todos mais ou menos na posição do príncipe de Maquiavel — isto é, em um mundo de incertezas, dentro do qual temos de inventar nossa melhor posição. É mergulhado nesse mundo de incertezas, de instabilidade social e política, de culto ao individualismo, que construímos nossa identidade, nosso modo de agir. Como seres humanos, nosso fim último é a felicidade. Como indivíduos sociais, precisamos entender que, por melhores que sejam nossos objetivos na vida, os meios para alcançá-los não podem entrar em contradição com a nobreza dos fins. Desse modo, não basta termos fins nobres, é necessário também que os meios para alcançá-los sejam adequados a essa nobreza.
Planeta, jul./2006, p. 59 (com adaptações).
1. Na organização do texto, os termos que se referem a Maquiavel não incluem:
A) “se” em “Debruçando-se”.
B) “autor maldito”.
C) “Ele”.
D) “filósofo”.
E) “príncipe”.
Comentários: Trata-se de uma clássica questão para diferenciar o que é coesão e coerência. O que a banca quer é o único vocábulo que não se refira a Maquiavel. Quando um vocábulo se refere a outro no texto, ambos possuem o mesmo referente: representam a mesma realidade semântica textual.
O texto se inicia com uma palavra-chave – Maquiavel – que, por ser palavra importante na argumentação, irá voltar ao longo da estrutura textual de várias maneiras. Cada palavra que retomar “Maquiavel”, já que estará sendo sua repetição, possuirá seu mesmo referente. Possuir o mesmo referente seria, portanto, fazer referência ao mesmo objeto no texto.
Observe a seguir a análise de cada item da questão:
A) A partícula “se” aqui possui semanticamente o valor de “a si mesmo” e faz referência a Maquiavel, já que é ele que se “debruça sobre o estudo da política”.
B) A expressão “autor maldito” é uma qualificação que, de fato, se refere a Maquiavel – é a sua qualificação.
C) O pronome reto “ele” é uma referência direta a Maquiavel.
D) O substantivo “filósofo” é um termo geral, um hiperônimo, que retoma Maquiavel, um termo mais específico; saiba que hiperônimo é um termo geral, que retoma um outro, mais específico no texto.
E) O “príncipe” seria a única palavra a não fazer referência a Maquiavel, pois diz respeito não ao autor, mas a seu personagem de sua renomada obra “O Príncipe”. Por não retomar Maquiavel no texto, não possuiria um mesmo referente.
Gabarito: letra E.
Questão 2
O conflito do Tibete, que se arrasta desde o século 13, requer solução pacífica pautada pelo signo da não violência. Invadida pela China em 1950, a província luta pela autonomia há cinco décadas. Pequim resiste. Além de constante desrespeito aos direitos humanos, procede ao que o dalai-lama denomina “genocídio cultural” – sistemático esmagamento das tradições da região. Com o controle dos meios de comunicação, as autoridades chinesas exercem violenta censura à informação e à livre circulação de pessoas. A tevê só mostra imagens liberadas pelos administradores locais. O mesmo ocorre com as notícias e certos sítios da Internet. Jornalistas e turistas encontram as fronteiras fechadas. Torna-se difícil, assim, avaliar as dimensões e as consequências dos protestos que eclodiram recentemente. Pequim soma 13 mortos. Os tibetanos falam em mais de 100 e de centenas de prisões de dissidentes. Suspeita-se, com razão, do incremento da repressão.
Correio Braziliense, 20/03/2008 (com adaptações).
2. (Cebraspe/UnB) Assinale a opção que apresenta as ideias principais do texto acima.
A) Pequim controla os tibetanos, que vivem sob censura, sem possibilidade de livre circulação em sua própria região.
B) A tevê só mostra imagens liberadas pelos administradores locais, e as fronteiras estão fechadas para turistas e jornalistas.
C) Para Pequim, houve treze mortos nos conflitos recentes; para os tibetanos, houve mais de cem mortos e centenas de prisões de dissidentes.
D) A China procede a um genocídio cultural no Tibete, quando esmaga as tradições da região.
E) Embora haja controle dos meios de comunicação e das fronteiras, suspeita-se do aumento da repressão no Tibete, que luta pela autonomia, pois é ocupado pela China há mais de cinquenta anos.
Comentários: Ao se requerer do candidato uma opção que apresente as ideias principais do texto, o que se quer é uma alternativa que resuma suas informações centrais, que componham sua introdução, seu desenvolvimento e posterior conclusão.
Neste texto, dividido em três parágrafos, o que se deve fazer é reescrever cada parágrafo, por meio de uma informação que resuma cada um deles. Assim, teríamos:
1º parágrafo: China invade Tibete. Conflito entre os países. Esmagamento cultural daquele país sobre esta região.
2º parágrafo: Controle dos meios de comunicação do Tibete, por parte das autoridades chinesas.
3º parágrafo: A repressão parece aumentar.
Após a reescritura dos parágrafos, deve o candidato partir à análise das alternativas, buscando aquela que seja capaz de juntar as três ideias mais importantes do texto.
A) Alternativa errada. Aqui só se mencionam ideias do 2º parágrafo.
B) Alternativa errada. Observa-se o mesmo equívoco da alternativa anterior: só se reescrevem informações do 2º parágrafo.
C) Alternativa errada. Nessa alternativa só se reescreve informação do último parágrafo do texto.
D) Alternativa errada. Assim como as outras, essa opção só menciona um momento do texto, não o resume na sua totalidade. Nesse caso, a alternativa só reescreve o 1o parágrafo.
E) Resposta certa. Essa opção apresenta um resumo das três partes que compõem o texto.
Gabarito: letra E.
Questão 3
Há cinco anos, sob o comando de George W. Bush, os Estados Unidos da América (EUA)
invadiam o Iraque. Já se mostrou à exaustão que a aventura foi uma catástrofe humanitária e um fracasso político que encalacrou o Pentágono numa ocupação militar sem perspectiva de solução. Verifica-se, agora, que foi também um desastre financeiro.
Folha de S. Paulo, 20/03/2008 (com adaptações).
3. (Cebraspe/UnB) Assinale a opção em que o fragmento constitui continuação coesa e coerente para o texto acima.
a) Entretanto, Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia, calcula que a empreitada poderá sair por assombrosos US$ 4 trilhões ou mais, dependendo de quanto tempo a ocupação durar.
b) Mas, agora que o país se encontra numa situação de déficit fiscal, a conta da guerra contribui para a crescente desvalorização da moeda norte-americana, num movimento que dificulta o combate à crise de crédito nos EUA e agrava suas repercussões globais.
c) Às vésperas da invasão, a Casa Branca estimava que gastaria algo entre US$ 50 bilhões e US$ 60 bilhões para derrubar Saddam Hussein e instalar um novo governo no país. Hoje, a conta está em US$ 600 bilhões e continua subindo.
d) Avaliações mais conservadoras, como a do Escritório de Orçamento do Congresso, órgão que municia o Poder Legislativo com informações técnicas, concluem que a ocupação não atingirá efetivamente a economia norte-americana.
e) Portanto, nada indica que o próximo presidente dos EUA terá condições de colocar um fim rápido à aventura. Fala-se em retirar as tropas até o fim de 2009. Isso, é claro, no melhor cenário. E o problema é que, no Iraque, o melhor cenário nunca se materializa.
Comentários: Como já falamos anteriormente na diferenciação de “o que é coesão e coerência”, buscar a continuação coesa e coerente significa encontrar uma alternativa que reafirme a ideia central do texto anterior, dando a ela uma sequência.
Vale lembrar que o texto tem como tema central a questão da invasão do Iraque pelos EUA como um desastre financeiro.
a) Alternativa errada. O conector “Entretanto” deveria apresentar algo que se opusesse à questão do desastre financeiro, mas o que se tem na continuidade é algo que reforça a ideia inicial.
b) Alternativa errada. A conjunção adversativa também deve introduzir contraste, oposição, e o que se tem é algo que reforça a questão do desastre financeiro (déficit fiscal, desvalorização da moeda…).
c) Resposta certa. Por meio de informações como “a conta está em US$ 600 bilhões”, este trecho reafirma o tema apresentado pelo texto.
d) Alternativa errada. Essa alternativa contradiz o texto ao afirmar que “a ocupação não atingirá efetivamente a economia norte-americana”.
e) Alternativa errada. Aqui, apresenta-se evidente fuga ao tema: essa alternativa não fala da questão do desastre financeiro.
Gabarito: letra C.
Como se aprofundar em tipos textuais e gêneros textuais para gabaritar na prova?
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Conclusão
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